quarta-feira, 15 de junho de 2011

Considerações - S&S02 - Medley

Bom... isso é uma história que para alguns pode parecer sem graça, para outros já batida, mas foi a forma e a história que eu encontrei, pra dizer através dessas duas musicas que eu amo (Ela disse Adeus – Paralamas e Eu que não amo Você – Engenheiros do Hawaii), que sempre PODE SER bom pensar no que vale a pena ser revisto e re-dado aquela segunda chance. (Pode Ser! [Pepsi, quero minha comissão pela propaganda]) Aprendi que as coisas acontecem da maneira, e na hora que devem acontecer. A gente não entende na hora, mas depois que a poeira abaixa, tudo se encaixa. E quando a gente compreende isso, tudo se torna mais fácil. Amar, Perdoar e principalmente Viver. E como uma amiga minha disse uma vez, as coisas e as pessoas não seriam do jeito que conseguiram ser agora se antes tivesse sido de uma outra forma. O tempo nos ensina e nos amadurece. Sendo assim, vale sim reavaliar e tentar quantas vezes forem precisas. Vejamos tudo isso pelo lado positivo, ok?
E como vocês vão ver, Ninguém morreu.
Nessa pelo menos.
Agora posso voltar a matar! – Como eu sou ruim. Muahaha.

S&S02 - Medley: Ela Disse Adeus/Eu Que Não Amo Você

Eles estavam sentados em um restaurante.
Ele de frente a ela.
Tony falava empolgadamente sobre como o dia tinha sido, e como tudo que havia ocorrido poderia facilitar a sonhada viagem de comemoração, embora uma semana atrasada, de seu terceiro aniversário de casamento. Com Ela.
Marcela o olhava sem o ver de verdade. De minuto a minuto, inconscientemente, seus olhos se viravam para a sua taça de vinho na qual seu conteúdo girava inquietamente. Sua mente fugia dali sem muito esforço. Seus pensamentos... Ah, seus pensamentos!... seus pensamentos...
- Marcela? – Ele passava sua mão frente ao rosto dela.
- Oi Tony. – Ela respondeu no susto.
- Amor, você não me disse o que você acha dessa idéia.
- Ah, Tony, desculpa. Eu estou cansada. Podemos ir agora? – ela respondeu mais indiferente do que realmente queria soar.
- Meu bem, mas você nem tocou na comida...
- Eu já estou satisfeita Tony. Podemos ir agora?
- Tudo bem. – disse um Tony engolindo seco, enquanto seus olhos perdiam seu brilho, e sua empolgação com a viagem, tão rapidamente quanto Marcela se levantava de sua cadeira.
- Eu vou ao banheiro. – ela se levantou.
- Eu te espero aqui.
Assim ele a acompanhou com os olhos enquanto ela sumia atrás de uma porta ao fundo do ambiente. Ali ele ficou tentando afastar os pensamentos que lhe surgiam a cabeça. Sabia que quando ela começava assim, nunca terminava bem.
Ela voltou, eles se dirigiram a porta. Ao passar por um casal conhecido, eles acenaram e Tony, para chamar atenção de Marcela, colocou sua mão em sua cintura, para sua surpresa ela o olhou e apressou-se em direção ao carro, deixando um Tony sem graça acenando com uma cara idiota aos conhecidos.
Em casa, ele tentou conversar, o que obviamente ela não queria. Estranho isso, não? Não dizem por aí que mulheres adoram discutir a relação? Vai ver, essa afirmação não fazia tanto o estilo de Marcela. Ou ela já havia cansado de discutir o assunto em pauta.
- Vou tomar banho - ela disse.
- Quer que eu vá com você? – Prontamente, um Tony perguntou – Eu poderia, sabe, fazer aquela massagem que você gosta.
(Taí uma coisa clichê.)
- Não. Eu vou sozinha. Depois você toma o seu.
- Marcela...
Ela tinha subido. Ele se sentou após se servir de um dose de conhaque, e tentou afastar os pensamentos que o aterravam naquele sofá, com todo aquele “inverno, que entrava pela porta que Marcela tinha deixado aberta ao sair...”
Lá em cima, ela já se vestia. Seus olhos frios frente ao espelho. Ela não reconhecia a pessoa que retribuía o seu olhar. Lhe doía muito pensar no que estava fazendo, embora evitasse pensar. Afinal, era tudo que tinha feito nos últimos dias. Ela realmente sentia que precisava fazer isso. Por eles. Ela amava Tony. Tony a amava. Essa não era a questão. É que TUDO era perfeito, e isso começava a incomodá-la. Para ela, eles tinham que se dar um tempo. Ela estava começando a se sentir sufocada dentro de tanta perfeição. Suas vidas eram boas. Suas carreiras estavam de vento em polpa. Mas todo aquele amor, toda aquela dedicação... Aquela vida que outros matariam para ter, ela não estava conseguindo suportar. Há uns meses eles tinham conversado sobre isso. Eles começaram até a fazer terapia de casal. (Olha que coisa ridícula... Pessoas fazem terapias quando tem problemas... Ninguém chega a um psicólogo e diz: Então Doutor... Estamos aqui, porque somos felizes demais, somos almas gêmeas, nossas vidas e carreiras são mais perfeitas que Contos de Fadas... Ah! Faça-me o favor! Qual é “mermão!”. Isso mermo! “Senta lá Cláudia”).
O doutor sugeriu, que eles se dessem um tempo, talvez recomeçar do zero. Como ele disse, mesmo? Ah sim... Redescobrir um ao outro... Re-Conhecer... (Sinceramente, não sei quem é mais problemático.) Marcela achou a idéia muito interessante... Tony não aceitou.
E hoje como vemos... É um daqueles dias...
Ela passou um pouco de seu perfume preferido, nada muito extravagante, mas de forma que ela se sentisse de alguma forma segura para sair. Nesse caso, de casa. Tony entrou no quarto, lançando a ela um olhar o tipo “eu não te entendo!”, e se dirigiu ao banheiro. Terminou seu banho mais rápido que de costume e desceu. Ela estava lá. De pé, linda como sempre com sua roupa de luto, em um meio termo entre um formal e um informal. Da escada ele sentia seu cheiro. Ao seu lado uma mala.
- Eu estou indo para casa da minha mãe. Amanhã nos falamos...
- Marcela, você sabe o que eu penso sobre isso... – Ele começou, mas foi interrompido pelo choque do que se deu a seguir.
- Eu preciso de um tempo pra descobrir o que eu amo nessa relação. – Ela disse bruscamente. Ele pode ver nos seus olhos, uma pequena lágrima descer. – Se é você mesmo, ou a nossa vida perfeita. – Pronto, ela tinha dito o que há tempos havia ensaiado. Não da forma que havia se preparado, mas disse o que conseguiu dizer. E isso, ela tinha certeza, havia ferido ele.
Ele ficou ali, do mesmo jeito que estava que estava quando disse “Marcela... você sabe o que eu penso sobre isso...” Ela o olhou por uma ultima vez e saiu. Não sabendo o que fazer a respeito disso, Tony desceu atrás dela, mas ela já tinha ido.
No dia seguinte, que era uma Segunda ele não foi trabalhar. Ela não apareceu e não ligou. Ele prometeu que por mais que estivesse sofrendo não iria atrás dela. Terça ele também não foi ao trabalho. Carlos, um dos diretores de sua empresa, apareceu na Quarta, com alguns documentos para ele assinar. Na Quinta o interfone tocou, ele sabia que não era ela. Ela tinha a chave, não tocaria o interfone... nem se deu ao trabalho de atender. Então, veio a Sexta. O telefone tocou, e era ela. Estava indo para Londres, a filial de sua empresa lá estava passando por alguns problemas... ficaria lá por seis meses.
- Seis meses? – Ele teve que gritar no telefone...
- Sim. Vai ser bom para nós. – do outro lado ela tentava conter sua voz.
- Como você me liga depois de quase uma semana e me diz que vai ficar fora do país por seis meses?
- Tony...
- Você disse que nós íamos conversar. Quando você vai?
- Hoje. Em duas horas.
- Eu vou com você!
- Não quero que vá.
- Marcela...
- Tony, não.
Eita... entendi tudo isso, da mesma forma que vocês... Mas afinal, eles são ricos, não tem que se explicarem e muito menos se fazerem entender...
Resumindo, ela foi. Ele ficou o resto do fim de semana em casa, se remoendo e chorando pelos cantos, e na Segunda estava de volta à ativa. Duas semanas depois ela ligou, ele estava em uma reunião. E ele não retornou sua ligação. Dois dias depois, ela havia marcado uma vídeo conferencia com ele, que ele fez questão de não dar as caras. Em um mês ela veio buscar alguns documentos e resolver algumas coisas, aproveitou para marcar um almoço com ele, que ele não pode ir, porque estava passando uma semana com sua mãe no Canadá... Três meses depois ele resolveu ligar mas não conseguiram se falar por causa dela estar dessa vez em uma reunião. Depois disso... um largou mão do outro.
Resolvido os problemas, nos seis meses de prazo que ela havia dito, Marcela voltou pra casa. (Da mãe dela.) Ligou para duas amigas, e marcou um jantar que por coincidência, se é que isso existe, era no mesmo restaurante que Tony estava com Anna. Quando ela entrou, seus olhos se cruzaram (coisa de filme mesmo!) Ela tentou dizer algo a ele com aquele olhar... isso antes dos seus olhos serem congestionados pelos olhos de Anna. Marcela se sentou com as amigas, na varanda do restaurante. De lá não dava para ver Tony. Quando elas saíram, eles conseguiram se esbarrar...
- Tony! Oi, como você está? – eles se abraçaram.
- Bem e você? De passagem?
- Pois é, não... – ela respondeu sem graça – Eu tentei te ligar algumas vezes, mas você não me retornou.
- É, tenho andado muito ocupado com a empresa nesses últimos seis meses... Estamos fechando muitos contratos internacionais...
- Que bom saber... Nós conseguimos resolver os nosso problemas de Londres também...
- E? - Ele a encarou sério.
- E... agora está tudo nos eixos de novo... – ela suspirou
- Não me referia à empresa...
- Sim... é claro... acho nós precisamos conversar, não é?
- É... vamos marcar qualquer dia.
- Por favor, eu sei que você está magoado, mas não me venha com essa de qualquer dia... O que há? Tem alguma coisa a ver com a moça lá dentro?
- Magoado? Fala sério, Marcela... você sai de casa, me liga uma semana depois dizendo que está se mandando pro exterior, e pensa que vai me encontrar magoado? - Dessa vez ela teve que engolir a seco. - E Não... Anna é a noiva do Carlos. Eu vou ser padrinho deles. Saberia disso se estivesse aqui.
- Ok. – ela abaixou os seus olhos - Então tá... você me liga qualquer dia, ou eu te ligo?
Ele parou, pensou um pouco... Passou em sua cabeça dar as costas e ir embora, mas quando percebeu, a pergunta já havia sido feita...
- O que mudou pra você?
Ela foi pega desprevenida.
- Muita coisa, ao mesmo tempo que nada. – ela começou - Esses seis meses serviram pra eu ter certeza, de que a única coisa que eu preciso na vida é você.
Ele a olhou. Ela continuava linda. Até mais se é que pode ser possível.
- E o que você me propõe?
- Recomeçar, seria um ótimo começo! (Sim, ela disse isso.) Se você me aceitasse de volta, é claro.
Ele olhou no fundo dos olhos dela. Ele acreditava que os olhos eram mesmo a janela da alma. Por essa razão e por toda a sinceridade que ali ele encontrou, ele pode redescobrir tudo aquilo que ele havia guardado em uma caixa de lembranças...
- Tudo bem... – sua voz embargou - Seria um ótimo começo... Recomeçar – ele sorriu – É claro...
- Obrigada! Não vou te decepcionar de novo... - Ela disse entre todas aquelas coisas clichês... Ela chorou, eles se beijaram, marcaram de sair no outro dia.
Em um mês eles noivaram de novo, em um ano renovaram seus votos... E na véspera do (segundo e bem sucedido) aniversário de três anos do casal, veio Emily... a primogênita da família feliz... E todos aqueles “dez anos” que Tony havia envelhecido naqueles seis meses, jamais foram recordados.