sábado, 15 de janeiro de 2011

O Chamado..

Meu nome é George. Nascido em 10 de Janeiro de 1988. Tendo como data de óbito, 10 de Janeiro de 2008. Curioso não?
Não tanto quanto o fato de eu estar aqui, para lhes contar como foi que tudo aconteceu.
Claro que é não comum assim que pessoas voltem para revelar segredos do além túmulo, então fico satisfeito que eu seja uma dessas pessoas privilegiadas.
Sem mais delongas... Dizem que quando se está perto da morte, algumas pessoas vêem coisas, outras ficam loucas, ou outras simplesmente atendem ao chamado e simplesmente se vão. Comigo foi assim. Exatamente assim. Ouvi-a me chamando e cá estou eu.
Eu me recordo bem daquele dia. Eu me levantei atrasado para o trabalho, me arrumei e saí. Tudo estava singularmente diferente. Não sei bem se pelo fato e estar me sentindo meio perdido na minha cidade, afinal, tinha passado um bom tempo fora (Estava de Férias, fim de ano, sabe como é... Pensando em tudo que não tinha alcançado no ano anterior, e imaginando se o que havia projetado pra o novo ano, se realizaria, ou se continuaria como tinha sido todos os outros anteriores... mas isso não vem ao caso, não vamos perder o foco.), o que importa saber é que eu me sentia... deslocado... não sei bem se essa seria a palavras apropriada, mas você caro leitor, há de encontrar um sinônimo a altura para essa minha declaração. Cheguei ao meu trabalho, após ter olhado a cidade ao redor, ainda me sentindo como se não fizesse parte dessa vida. Saí para resolver algumas coisas, tentei encontrar nos rostos que eu via, algum conhecido, que pudesse me receber e me fazer sentir em casa. Não o encontrei.
Retornei ao trabalho. Nesse ponto da história, eu já não estava me sentindo fisicamente bem. Não consegui completar meu expediente.
Saí, tentei encontrar uma amiga, para saber como iam as coisas com ela. Tinha essa coisa de me preocupar com os outros, me envolver com seus problemas, tentar estar lá para eles. Talvez para que eu não precisasse, sei lá, gastar meu tempo comigo, andando desacompanhado dentro de minha própria mente, para constar, o que dizem ser muito perigoso: Andar dentro de sua cabeça sem que tenha alguém para te vigiar. Estranho isso, não? Mas confesse, vai... é bem legal.
Prosseguindo, eu desisti no meio do caminho. Algo me fez voltar. Seria uma força obscura? Será que foi o Destino? Estava escrito que seria assim? Eu em algum momento interferi no segmento da minha história como ser humano? Seria uma Borboleta batendo suas asas em Tóquio, para que fosse causado esse Furacão ao invés de em Nova Iorque, aqui, exatamente onde eu estava? Será que se eu não tivesse voltado, teria sido diferente? Seria Carma? Acredite! Sempre existem perguntas, e sempre existirão... tanto dessas quanto as clássicas: Por que eu? Por que agora? O que eu fiz?... Como eu disse, sempre existirão as perguntas... Sempre perguntas. Mas nos falta quem traga as Respostas.
Como eu disse, perto da morte, uns vêem coisas, fazem contatos, e coisas como essas.. No meu caso, eu ouvia. O meu Nome. Isso nunca foi um bom sinal, como já diziam os antigos...
“Quando ouvir seu nome sendo chamado, quando não existir de fato alguém que esteja o chamando... Não responda... É a Morte...”
Outra coisa que eu sempre achei legal. E isso também é muito estranho...
Fazer o que? EU sempre fui muito estranho...
Comecei a descer em direção a minha casa. E ouvi “George!” não me virei, não procurei, porque eu não conhecia ninguém com aquela voz... e tinha o costume também de só atender depois do segundo chamado... e foi logo depois daquilo que finalmente vi um rosto conhecido.
Parei para falar com uma amiga que havia um tempo que não a via... fiquei muito feliz, afinal eu sentia saudades de uma pessoa e tinha a reencontrado... coisa que alguns, se é que alguém sentirá a minha falta, não teriam a oportunidade de sentir ao me ver, pra falar a verdade, nem me veriam novamente!...
Me despedi dela, logo em seguida ouvi “GEORGE!”, senti um arrepio e pensei comigo: “Por que não agora?” Sorri de leve inclinei lentamente minha cabeça, em direção a voz e finalmente disse: “Oi.”
Foi aí que me perdi de vez. Alguma coisa acertara a minha cabeça. Segundos depois, eu pude ver. Pessoas se amontoando, uns tentavam ajudar, outros pasmos com o ocorrido, outros se recompunham do susto e procuravam por mais feridos. Mas apenas eu tinha sido acertado. Me parece que uma pequena parte de uma parede do prédio em construção pelo qual eu passava tinha caído. Em cima de mim.
Trágico não é? Não mais pra mim.
Fico feliz por poder compartilhar com vocês o que aconteceu comigo. Queria poder ficar mais, e falar de como o outro lado é, mas infelizmente, não me é permitido. Pelo menos não agora... e Sinceramente, não sei se será um dia...


Afinal... São tantas Perguntas...


Mas ainda não serei eu a trazer as Respostas...